Quem passou pelo final dos anos 70, início dos 80, com certeza, se lembra do sucesso que “As Frenéticas” causavam. Uma época em que a sociedade era bem diferente de hoje, com mulheres seminuas e músicas com letras de duplo sentido. Hoje isso é mais disfarçado. Mas essa questão sobre sociedade machista deixo para outra ocasião.
O que quero lembrar é de uma música que fez muito sucesso: “O preto que satisfaz (Feijão maravilha)”, que, hoje, só o título já seria politicamente incorreto e causaria furor nas redes sociais. Deixo aqui um trecho da letra da música para reflexão:
“Dez entre dez brasileiros
elegem feijão!
Puro, com pão, com arroz
com farinha ou macarrão
macarrão, macarrão!
E nessas horas que esquecem dos seus preconceitos
gritam que esse crioulo
é um velho amigo do peito”
Em tempos de pandemia, que muitos perderam seus postos de trabalho, que muitos estão com a despensa vazia, tenho certeza, que ter o bom e velho feijão na mesa é muito mais fundamental do que qualquer outra coisa. Não tem como ser feliz com fome.
Quando eu tinha uns 10 anos tive que ler “O feijão e o sonho” de Orígenes Lessa para um trabalho escolar. A história é sobre um pai, que é poeta, e vive no mundo dos sonhos, enquanto a mãe, que trabalha por um salário miserável e tenta fazer com que a família sobreviva, tendo pelo menos arroz e feijão. Então deixo aqui meu questionamento: você prefere viver uma alucinação ou ter feijão na sua mesa?
Por Flávia Rocha, jornalista (@flaviarochajornalista)
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