Fauna protegida: Inea devolve Gato do Mato ameaçado de extinção ao habitat natural
Soltura foi feita na Reserva Biológica Estadual de Araras, em Petrópolis
A Reserva Biológica Estadual de Araras, em Petrópolis, recebeu de volta neste fim de semana uma espécie importante para o ecossistema da região: um Leopardus guttulus, espécie de “Gato do Mato pequeno”, ameaçado de extinção. A soltura da felina foi feita sábado (30) após nove meses de cuidados necessários à reabilitação. Ela foi resgatada pela equipe da Rebio-Araras no dia 20 de fevereiro na horta de uma residência que fica na Zona de Amortecimento da Unidade de Conservação. A felina de porte pequeno tinha poucos meses de vida, estava abaixo do peso e fragilizada. O animal foi resgatado pela equipe da Reserva, que a encaminhou para cuidados veterinários especializados.
- É sempre uma alegria devolver animais silvestres às florestas, que é o lugar em que eles devem estar. A preservação ambiental é uma prioridade para o governador Cláudio Castro. Este caso me deixa ainda mais feliz, pois trata-se de uma fêmea, de uma espécie ameaçada de extinção. Ela tinha poucos meses de vida, estava vulnerável, foi resgatada pela nossa equipe, recebeu todos os cuidados e, agora saudável, retornou ao habitat natural, onde tem um importante papel para o equilíbrio da biodiversidade – explica o secretário do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi, que agradece o empenho dos técnicos do Inea e demais profissionais envolvidos no processo de recuperação e readaptação da felina.
A soltura foi feita na Trilha do Caneco e acompanhada pelo diretor de Biodiversidade, Áreas Protegidas e Ecossistemas do INEA, Cleber Ferreira, por técnicos do Inea e demais profissionais envolvidos nos cuidados do Gato do Mato pequeno. Por se tratar de espécie ameaçada de extinção, após o resgate o caso foi comunicado ao ICMBio/Ibama. - Antes de ser liberada para soltura esta felina passou por todos os exames clínicos necessários. Os resultados confirmaram que ela foi curada de todas as patologias identificadas durante o tratamento. Felizmente hoje ela está completamente saudável e, portanto, apta ao retorno à vida silvestre – destaca o diretor de Biodiversidade, Áreas Protegidas e Ecossistemas do INEA, Cleber Ferreira.
O local da soltura foi cuidadosamente escolhido, por se tratar de um ambiente rico e diversificado, que favorece a dinâmica ecológica da espécie. Outro ponto importante é que a área é monitorada e completamente preservada, o que garantirá segurança ao animal. O monitoramento inclui armadilha fotográfica e possibilita uma avaliação sistemática da fauna local, o que é essencial para entender a presença e o comportamento da espécie em seu habitat.
Foto: Divulgação / Gov. do Estado do RJ
Tratamento clínico e cuidados especiais:
Após o resgate, os primeiros cuidados veterinários foram feitos pelo veterinário Felipe Facklam da Clínica Veterinária Estácio de Sá – Petrópolis; posteriormente a felina foi encaminhada ao CRAS da UNESA em Vargem Grande, no Rio de Janeiro, onde permaneceu por três meses em tratamento, sob os cuidados do veterinário Jeferson Pires. Após ser estabilizada, a felina foi encaminhada pela Gerência de Fauna do Instituto Estadual do Ambiente, ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) da Eletronuclear - referência no tratamento e reintegração. Durante o processo de tratamento veterinário, exames clínicos apontaram a presença de um quadro infeccioso. No Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) da Eletronuclear, ela recebeu tratamento das condições clínicas e patologias.
A espécie foi diagnosticada com Hepatozoon spp, uma infecção, que ocorre pela ingestão de vetores hematófagos, como carrapatos, levanta a necessidade de investigações adicionais sobre o ciclo de vida e os impactos da doença em felinos de diferentes habitats.
- Este achado reforça a importância do diagnóstico precoce e das técnicas moleculares como ferramentas essenciais para a identificação de cepas e o manejo da infecção em populações de felídeos – explica o diretor de biodiversidade, Cleber Ferreira, pontuando que embora a hepatozoonose tenha sido previamente registrada em felídeos selvagens, como Jaguatiricas e Onças, esse caso é o primeiro em um Gato do Mato Pequeno, o que preocupou.
Antes da soltura, a filhote de “Gato do Mato” foi inserida em um programa de reabilitação intensiva, onde teve a oportunidade de reaprender habilidades essenciais como caçar, se proteger e recuperar seus instintos naturais. - Toda reabilitação foi acompanhada pelos guarda-parques Vanessa Cabral e Renato Sampaio, que agora detém informações que podem ser úteis para pesquisa científica e que também poderão auxiliar em nossos trabalhos de educação ambiental – acrescenta Cleber.
Após um período de avaliação e controle da hepatozoonose, com a aprovação do médico veterinário responsável do CRAS, Bartolomeu André Paoli Vago, a felina foi considerada apta para a reintrodução em seu habitat natural e retornou à Rebio-Araras para soltura.
Foto: Divulgação / Gov. do Estado do RJ
Sobre a Reserva Biológica Estadual de Araras
A Reserva foi criada em 1977, e é composta predominantemente por florestas em diferentes estágios de regeneração, proporcionando um habitat que varia desde áreas de floresta em estágio inicial, com presença de espécies arbóreas exóticas, até florestas em estágio avançado de regeneração.
Essa diversidade de habitats é crucial para a sobrevivência do Gato do Mato Pequeno, que depende de áreas florestais contínuas para se alimentar e reproduzir. O corredor ecológico formado entre a Serra dos Órgãos e a Serra do Tinguá oferece condições ideais, já que permite a movimentação e a interação de várias espécies na região.
- A soltura do Gato do Mato Pequeno não apenas contribui para a conservação da espécie, mas também permite uma análise do impacto das práticas de manejo e conservação na biodiversidade local. O monitoramento contínuo de mamíferos e aves terrestres ao longo da trilha de 2000 metros é fundamental para o conhecimento da dinâmica populacional e para o aprimoramento das estratégias de conservação na Reserva – destaca o diretor de Biodiversidade, Cleber Ferreira.
A soltura foi acompanhada por técnicos da Reserva Biológica, do CRAS Eletronuclear e especialistas envolvidos no processo, o que reforça o compromisso de todos com a preservação da biodiversidade e demonstra a importância de ações integradas entre instituições e profissionais para garantir o bem-estar e a sobrevivência da fauna silvestre.
O caso do Gato do Mato pequeno evidencia a relevância das zonas de amortecimento, que servem como áreas de proteção para a fauna em risco, além de destacar o papel fundamental de centros especializados como o CRAS na recuperação de animais silvestres.
- A reintrodução bem-sucedida desse indivíduo reforça a importância de esforços conjuntos para a conservação da biodiversidade e a proteção de espécies ameaçadas – assinala o presidente do Inea, Renato Jordão, frisando que a diretoria de Biodiversidade, Áreas Protegidas e Ecossistemas do INEA segue comprometida com a conservação da fauna, promovendo ações para proteger e valorizar o rico patrimônio natural do estado do Rio de Janeiro.
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