Quitandinha recebe “Hotel Mariana”, espetáculo baseado na tragédia da cidade mineira
Indicada ao Prêmio Shell, peça foi inspirada em relatos de sobreviventes, coletados uma semana após o rompimento da barragem
No ano em que o rompimento da barragem de Mariana (MG) completou 9 anos, o Centro Cultural Sesc Quitandinha (CCSQ), em Petrópolis, recebe um espetáculo que traz depoimentos dos sobreviventes de um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil. A peça “Hotel Mariana” será apresentada nesta sexta-feira (22/11), às 20, no Café Concerto.
Com depoimentos coletados por Munir Kanaan, idealizador e pesquisador do projeto, uma semana após o desastre, os atores da peça reproduzem em cena os relatos reais que ouvem em fones de ouvido, utilizando a técnica verbatim, que proporciona uma experiência autêntica e visceral ao público.
A peça dá voz às histórias de sobreviventes, como uma criança do grupo escolar, o velho da Folia de Reis, o ativista de direitos humanos e a aposentada que escreve poemas, traçando um panorama político, histórico e cultural da região e do país.
Com direção Munir e Herbert Bianchi, responsável também pela dramaturgia do espetáculo, a montagem, que foi indicada ao Prêmio Shell 2017 na categoria autor, traz consigo a oportunidade de refletir sobre as consequências de nossos modelos de desenvolvimento e de ouvir as vozes daqueles que viveram a tragédia de perto.
O elenco é composto por Anna Toledo, Bruno Feldman, Clarissa Drebtchinsky, Fani Feldman, Isabel Setti, Gabi Potye, Marcelo Zorzeto, Munir Kanaan, Rita Batata e Rodrigo Caetano.
Nove anos da tragédia
O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorreu em 5 de novembro de 2015, e devastou os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, com a liberação de cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro sob eles, matando 19 pessoas e deixando milhares desabrigadas.
A tragédia impactou profundamente o ecossistema do Rio Doce e se estendeu até o Oceano Atlântico, com efeitos socioambientais irreversíveis. O desastre da barragem não apenas destruiu comunidades inteiras, mas também trouxe à tona questões cruciais sobre os modelos de desenvolvimento e a gestão de barragens no Brasil. Passados 9 anos, ninguém foi punido.
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