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Petrópolis,05/11/2024

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Vacina brasileira para câncer de próstata recebe aprovação da FDA para ensaios clínicos nos EUA

O estudo clínico nos Estados Unidos começou oficialmente na última terça-feira


Vacina brasileira para câncer de próstata recebe aprovação da FDA para ensaios clínicos nos EUA Foto: Reprodução/Internet

A vacina terapêutica brasileira contra o câncer de próstata FK-PC101, desenvolvida por pesquisadores nacionais, recebeu a aprovação da FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora dos Estados Unidos, para iniciar estudos clínicos no país. Este avanço marca um passo histórico, sendo a primeira tecnologia do tipo a alcançar essa fase nos Estados Unidos, trazendo esperança para milhares de homens diagnosticados com a doença.

Desenvolvida a partir das células tumorais do próprio paciente, a vacina tem como objetivo reforçar o sistema imunológico, estimulando-o a atacar e combater as células cancerígenas. Com resultados promissores, a imunoterapia personalizada demonstrou, em estudos preliminares, uma redução significativa na reincidência do câncer de próstata. Os dados mostram que a taxa de recorrência da doença caiu de 37% para apenas 12%, enquanto a mortalidade entre os pacientes tratados foi reduzida de 12,8% para 4,3%.

Ensaio Clínico nos EUA

O estudo clínico nos Estados Unidos começou oficialmente na última terça-feira, 29 de outubro, com o início do tratamento do primeiro paciente americano. A pesquisa faz parte de um estudo adaptativo de fase 2, que envolve 21 centros de pesquisa espalhados pelo país e terá uma duração prevista de até 22 meses. O primeiro conjunto de dados imunológicos dos pacientes deve estar disponível em até 90 dias, o que permitirá avaliar a resposta ao tratamento.

Segundo o médico e cientista Fernando Thomé Kreutz, responsável pela pesquisa, os resultados obtidos com pacientes brasileiros já haviam demonstrado uma significativa redução na reincidência e na mortalidade. Kreutz também destacou o potencial econômico do tratamento, apontando que, ao reduzir a necessidade de tratamentos subsequentes, a imunoterapia poderia representar uma economia considerável para os sistemas de saúde, como o Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil.

"Com o SUS gastando cerca de R$ 2,4 milhões por paciente no tratamento convencional, nossa abordagem poderia eliminar a necessidade de terapias subsequentes e caras", afirmou o cientista. A vacina, que utiliza as células do tumor do próprio paciente para criar Células Apresentadoras de Tumor (TPCs), desencadeia uma resposta imune altamente específica contra o câncer.

Expansão e Futuro Promissor

Com a aprovação do ensaio nos Estados Unidos, a equipe brasileira liderada por Kreutz e pelo médico Alberto Stein já planeja expandir a aplicação da tecnologia para outros tipos de câncer, como os tumores gastrointestinais e pulmonares, que apresentam altas taxas de mortalidade. O Brasil também pode ser o primeiro a aprovar a imunoterapia no mercado nacional, o que representaria um marco para a medicina e a ciência do país.

"Nosso objetivo é que essa imunoterapia, além de salvar vidas, ofereça uma alternativa mais acessível e eficaz para os pacientes. E, se a aprovação no Brasil ocorrer antes dos Estados Unidos, isso será uma grande conquista para a saúde pública brasileira", destacou Stein.

Desafios e Limitações

Apesar dos avanços, o uso da imunoterapia ainda é restrito a uma pequena parcela de pacientes com câncer de próstata. No Brasil, a imunoterapia é limitada a menos de 5% dos casos, o que significa que o acesso a esse tipo de tratamento permanece restrito e a implementação dessa tecnologia em larga escala depende de avanços tanto na pesquisa quanto na infraestrutura de saúde.

O urologista Stênio de Cássio Zequi, líder do Centro de Referência de Tumores Urológicos do Hospital AC Camargo, alertou que, apesar do potencial da imunoterapia, a prioridade no Brasil deve ser ampliar o acesso aos tratamentos básicos de saúde, que ainda são limitados em várias regiões. "O impacto seria muito maior se conseguíssemos garantir que todos os pacientes tenham acesso ao diagnóstico precoce e aos tratamentos convencionais", ressaltou Zequi.

O Câncer de Próstata no Brasil

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), um em cada oito homens será diagnosticado com câncer de próstata ao longo da vida. O risco é maior entre homens negros, e a doença é a segunda principal causa de morte por câncer no país, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. Embora as taxas de mortalidade tenham melhorado nas últimas décadas, o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento eficaz continua sendo um desafio para muitos brasileiros.

Com a aprovação da vacina FK-PC101 para ensaios clínicos nos Estados Unidos e os resultados promissores obtidos até agora, a pesquisa brasileira representa uma esperança de avanço significativo no tratamento do câncer de próstata, oferecendo não apenas uma nova terapia, mas também uma possibilidade de redução dos custos com tratamentos prolongados e recorrentes.

Este é um momento importante para a ciência brasileira e para os pacientes com câncer de próstata, que podem, em breve, contar com uma nova arma no combate à doença.


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