ONS recomenda que governo reintegre horário de verão no Brasil
A União deve tomar uma decisão sobre a medida nos próximos dez dias
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomendou ao Governo Federal, nesta quinta-feira (19), a reintrodução do horário de verão no Brasil. A União, no entanto, ainda avaliará o cenário antes de tomar uma decisão, que deve ocorrer nos próximos dez dias.
As declarações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, foram feitas após a reunião do ONS, onde foi aprovado um indicativo de que a adoção do horário de verão é uma medida prudente. “Temos hoje uma política de planejamento do setor elétrico muito alicerçada na ciência e na busca do equilíbrio entre segurança energética e melhor tarifa para a população. E com base nisso, vamos analisar a situação”, disse Silveira.
O ministro destacou que “foram apresentados dados objetivos da crise hídrica que estamos atravessando no Brasil. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) vem medindo os índices pluviométricos nacionais nos últimos 74 anos, desde 1950. E temos hoje o menor índice de todo esse período”.
Alexandre Silveira acrescentou que, apesar da recomendação do ONS, não há risco energético para 2024, devido ao planejamento adotado. Portanto, a adoção do horário de verão ainda será cuidadosamente avaliada.
O encontro ocorreu na sede do ONS, no Rio de Janeiro, instituição responsável por coordenar e controlar as operações de geração e transmissão de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN). Estiveram presentes técnicos do Cemaden, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
A consideração da reintrodução do horário de verão é uma resposta à prolongada seca que afeta o Brasil. O ministro acredita que a mudança pode ser vantajosa para o sistema elétrico, especialmente em um “momento crítico” como o atual, quando a seca intensifica o calor e o consumo de energia nos horários de pico, que agora ocorrem no meio da tarde.
A escassez de chuvas tem reduzido os níveis dos reservatórios das hidrelétricas, enquanto o calor excessivo impulsiona o uso de eletrodomésticos, como ar-condicionados, resultando em um aumento significativo na demanda por eletricidade. Assim, quanto mais seco o clima, maior a necessidade de energia. Esse cenário levou à ativação da bandeira tarifária vermelha patamar 1 em setembro, que implica um acréscimo de R$ 4,46 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos.
A reintrodução do horário de verão no Brasil permitiria que as pessoas aproveitassem mais a luz do dia, reduzindo assim o consumo de energia elétrica. Caso o Governo Federal aprove a medida, espera-se que ela comece a vigorar entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025.
A aceitação do retorno do horário de verão é expressiva: uma enquete realizada pelo Portal GIRO revelou que 77% dos brasileiros são favoráveis à medida, enquanto 18% se opõem e 5% não percebem diferença.
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