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Petrópolis,19/09/2024

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O segredo por trás da facilidade de aprendizagem em crianças bilíngues

Crianças expostas a dois idiomas desde cedo treinam o cérebro para formar novas conexões, aumentando a capacidade de adaptação e aprendizado ao longo da vida


O segredo por trás da facilidade de aprendizagem em crianças bilíngues Foto: Reprodução/Freepik

A habilidade do cérebro de criar novas conexões é fascinante. Atividades como aprender a tocar um instrumento ou falar um novo idioma promovem mudanças fisiológicas, graças a um fenômeno chamado neuroplasticidade. Estudos científicos mostram que crianças bilíngues desfrutam de vantagens cognitivas significativas nesse processo.

Pesquisas da University College London, lideradas pelo neurocientista Andrea Mechelli, mostram que falar duas línguas aumenta a densidade da massa cinzenta — área do cérebro responsável pelo processamento de informações e pela memória. Devido à exposição constante a dois idiomas, as crianças bilíngues desenvolvem essas regiões de forma mais eficiente, o que as torna mais adaptáveis e capazes de adquirir novas habilidades com maior facilidade.

A neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se reorganizar e formar novas conexões neurais, é o que facilita esse processo de aprendizagem. Durante os primeiros três anos de vida, o cérebro humano cresce cerca de 80%, um período considerado crucial por especialistas para estimular o potencial infantil.

Por isso, desenvolver abordagens que estimulem diferentes áreas do cérebro pode melhorar significativamente o processo de aprendizagem dos estudantes. “A neuroplasticidade é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças. Ao implementar práticas que ativem essa capacidade cerebral, podemos potencializar suas habilidades de aprendizagem e adaptação, preparando-as para um futuro de sucesso, tanto acadêmico quanto pessoal”, afirma Marcela Brock Ribeiro, pedagoga, pós-graduada em Neuropsicologia da Educação e assessora pedagógica de Educação Infantil Bilíngue do Colégio Positivo.

Crianças bilingues aprendem mais rápido

A habilidade de adaptação a novas situações fortalece o aprendizado, especialmente no contexto de uma segunda língua. “Crianças bilíngues têm maior facilidade para se adaptar ao ambiente, dialogar e oferecer novas perspectivas sobre diversos temas. Elas tendem a analisar e discutir dados com profundidade, além de realizar investigações mais eficazes. Isso ocorre porque, além de estarem em contato com uma segunda língua, elas têm a oportunidade de formar mais conexões neurais do que um adulto”, explica Marcela Brock Ribeiro.

De acordo com a especialista, essa abordagem mostra que, quando uma criança aprende um segundo idioma nos primeiros anos de vida, essa experiência fortalece as sinapses de maneira mais intensa no cérebro. A estruturação cerebral desenvolvida na infância tende a perdurar ao longo da vida. “Quanto mais cedo a criança aprende uma segunda língua, mais fluente ela será na fase adulta. Isso ocorre porque a neuroplasticidade infantil, que facilita a adaptação a novas situações, favorece a aquisição desse conhecimento”, esclarece.

É evidente que esse estímulo pode ser feito em qualquer idade, mas quando iniciado na infância, a eficácia é ainda maior. “Poucas horas após o parto, cada neurônio já realiza cerca de 2.500 sinapses. Rapidamente, essas conexões se multiplicam, atingindo 700 novas por segundo e somando trilhões. Um adulto possui metade das conexões neurais de um bebê ou de uma criança”, observa Marcela.

Segundo a neuropsicóloga, o cérebro age como uma esponja até os 11 anos de idade, absorvendo todo o conhecimento transmitido ao seu redor, o que eterniza aprendizagens e fortalece memórias a longo prazo. “Todos têm a capacidade de aprender e se adaptar a novas situações, graças à neuroplasticidade. A diferença é que, quanto mais jovem, mais rápido esse processo ocorre. Com o passar dos anos, o aprendizado e o desenvolvimento continuam, mas podem demorar mais tempo para se consolidar”, detalha.

Dicas para estimular a neuroplasticidade em crianças

Todo estímulo positivo e novas informações contribuem para o desenvolvimento da plasticidade cerebral nas crianças, promovendo o aumento e fortalecimento das conexões neurais. Confira como estimular essas capacidades de acordo com cada faixa etária: 

0 a 2 anos

Nessa fase, é fundamental incentivar os movimentos, a experimentação e a curiosidade, pois os bebês estão se descobrindo e explorando o mundo ao seu redor. Se o objetivo é a aquisição de um segundo idioma, essa é uma das fases mais importantes, já que eles estão começando a desenvolver a oralidade. Dessa forma, tanto a língua nativa quanto a segunda são adquiridas de maneira natural, com as conexões neurais se formando e consolidando o aprendizado.

2 a 3 anos

Nessa idade, as crianças começam a andar, explorar e brincar sozinhas. Energia, imaginação (histórias), jogos lógicos e aprendizado marcam essa fase. O contato frequente com o inglês ajuda a iniciar a conversação e compreensão da segunda língua.

4 a 5 anos

Com maior independência e autonomia, as crianças passam a entender melhor as regras e a se engajar em brincadeiras. Além disso, começam a se identificar com personagens de desenhos, filmes e brinquedos. Nessa fase, a personalidade e os gostos das crianças começam a se formar. O inglês continua sendo uma importante ferramenta de aprendizado e comunicação, e o diálogo frequente deve ser mantido.

6 a 8 anos

Nessa fase, os pequenos desenvolvem habilidades de leitura, raciocínio lógico e começam a compreender o conceito de trabalho em equipe. O incentivo ao uso do inglês e a comunicação direta no idioma são fundamentais para o avanço nessa faixa etária.

9 anos ou mais

Nessa idade, as crianças já se comunicam bem e têm preferências claras em suas brincadeiras. Os adultos podem aproveitar essas atividades para fortalecer laços e vínculos afetivos. A comunicação na segunda língua, assim como o incentivo por meio de diálogos, leituras e músicas facilita ainda mais o aprendizado.

Para maximizar os benefícios da neuroplasticidade, é fundamental adotar práticas que estimulem o cérebro. Atividades físicas regulares, o aprendizado de novas habilidades, uma alimentação saudável e sono de qualidade são essenciais para o desenvolvimento cognitivo das crianças. "Incorporar esses hábitos na rotina infantil pode potencializar as habilidades de aprendizagem e adaptação", detalha Marcela.


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