Em meio à celebração da Semana do Cliente, que consiste na valorização do laço entre empresas e consumidores, o Brasil vive um ‘boom’ de sustentabilidade e inovação que pode ressignificar a relação neste ano. Impulsionado pela Geração Z, o re-commerce (reverse commerce) é um modelo que se refere à compra e venda de produtos e serviços usados, recondicionados, com pequenas avarias ou ponta de estoque e deve movimentar até 380 bilhões de dólares em 2028, de acordo com a ThredUp. E como as duas pontas se beneficiam? 

Segundo a NRF, os varejistas estadunidenses perderam 816 bilhões de dólares em receita no último ano por conta de produtos devolvidos, cuja taxa foi de 16,5%. De acordo com o instituto, por exemplo, no varejo de moda, clientes podem comprar várias peças de diversos tamanhos e ficam apenas com o que serve. Contudo, devido às janelas curtas de compras sazonais, quando o produto volta, a temporada já acabou. Por isso, há dificuldade em descontos, gerando o aumento do estoque. E a devolução adotada pelas grandes corporações aumenta a emissão de carbono em toda a cadeia, de modo a impactar o meio-ambiente.

Recentemente, a startup Loopify recebeu aporte de R$4 milhões da Hiker Ventures para impulsionar essa plataforma no Brasil. A empresa é responsável por oferecer soluções tecnológicas completas e personalizadas para que marcas possam criar os seus re-commerces. A atuação é baseada em dois pilares: Trade-In (venda e revenda de produtos usados em que os clientes podem transformar os itens em créditos para novas compras) e o Reversa (produtos devolvidos, com pequenas avarias, itens de mostruário e outlet ganham um novo canal de venda dedicado e um processo profissional de triagem). 

“O mercado de produtos usados, recondicionados e com pequenas avarias é uma das mais promissoras fontes de receita na atualidade para as marcas. Elas conseguem dar uma nova história para itens de grande qualidade, o preço é mais baixo, toda a jornada de compra é alinhada às melhores práticas de sustentabilidade e atende a uma demanda gigantesca de um público específico, que ainda carece de confiança e curadoria consciente”, afirma Gabriel Novais, co-founder da Loopify. 

De acordo com dados da GlobalData, o re-commerce de roupas cresceu 15 vezes mais do que o varejo comum da categoria em 2023 e, até 2025, metade dos gastos em produtos de segunda mão vai ser feito pela internet. Na mesma pesquisa, mais da metade dos Millennials (55%) e da Geração Z (51%) preferem comprar produtos usados ou recondicionados pela internet do que em lojas físicas.

Na visão dos clientes, com base em pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Sebrae, disponível pelo E-commerce Brasil, os índices de desemprego e orçamento mais apertado são fatores que estimulam o comércio de produtos usados. Economia de dinheiro e sustentabilidade são os pontos de destaque trazidos pelo relatório. 

Um exemplo é a Bayard, que recentemente lançou a Bayard Replay, para adquirir e vender produtos de segunda mão. Uma camisa oficial e original do Palmeiras, na versão infantil, custa R$30. De acordo com a Loopify, o custo de oportunidade no usado faz com que o produto venda três vezes mais rápido em sites especializados. 

Outros exemplos no Brasil, em diversas categorias, são Magalu com a Trocafone e a Deuter e NTK, no ambiente de esportes outdoor, que possuem os seus ‘brechós’ online. Por sinal, esta última recondiciona fogareiros e barracas de dormir, de modo a obter R$100 mil por mês de receita só com esses itens de segunda mão. 

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