Seja bem vindo
Petrópolis,16/09/2024

  • A +
  • A -
Publicidade

Fatos curiosos e mitos sobre a Independência do Brasil

Embora tenha ocorrido a separação formal de Portugal, a influência europeia permaneceu forte por décadas, tanto política quanto economicamente


Fatos curiosos e mitos sobre a Independência do Brasil Paulo Pinto / Agência Brasil

No dia 7 de setembro de 1822, às margens do Rio Ipiranga, o príncipe regente Dom Pedro I proclamou a Independência do Brasil com o famoso grito: "Independência ou morte!". Essa imagem está profundamente gravada na memória nacional, sendo ensinada em escolas e celebrada em feriados. No entanto, a história da independência do Brasil vai muito além dessa cena icônica, e muitos fatos e mitos cercam esse importante episódio da nossa história.

A realidade do Grito do Ipiranga

O "Grito do Ipiranga" é, sem dúvida, o símbolo máximo da independência. No entanto, historiadores afirmam que o momento não foi tão épico quanto retratado em pinturas ou na imaginação popular. Dom Pedro estava em viagem entre Santos e São Paulo, quando recebeu cartas da sua esposa, a princesa Leopoldina, e de José Bonifácio, incentivando-o a romper com Portugal. Ao ser informado da pressão de Portugal para diminuir seus poderes, ele decidiu pela ruptura, mas o ato foi um processo político, e não um momento de fervor patriótico às margens de um riacho.

A importância de Leopoldina e José Bonifácio

Um dos mitos que permeiam a história é que a independência foi um ato isolado de Dom Pedro. No entanto, a princesa Leopoldina, esposa do futuro imperador, teve um papel decisivo no processo. Enquanto Pedro viajava, Leopoldina, junto com José Bonifácio, chefe do governo, assinou um documento formalizando a separação de Portugal, dias antes do famoso grito de Dom Pedro. Ela e Bonifácio trabalharam ativamente nos bastidores para garantir que o Brasil se tornasse uma nação independente.

Não houve guerra imediata

Ao contrário do que ocorreu em outras nações da América Latina, a independência do Brasil não foi seguida por uma guerra imediata e prolongada contra a antiga metrópole. Houve conflitos localizados e resistência em algumas províncias, mas a transição foi relativamente pacífica quando comparada a outros processos de independência, como os de países vizinhos, onde houve lutas sangrentas.

Isso se deu em parte porque Dom João VI, pai de Dom Pedro, já havia transferido a corte portuguesa para o Brasil em 1808, quando fugiu das invasões napoleônicas. Com a capital do império português estabelecida no Rio de Janeiro, o Brasil já ocupava um papel central no império antes da separação, facilitando uma transição menos violenta.

O papel dos negros e indígenas no processo

Outro aspecto pouco abordado da independência é a contribuição dos negros e indígenas para o processo. Apesar de o movimento de independência ter sido liderado por membros da elite, tanto africanos escravizados quanto indígenas desempenharam um papel fundamental na construção da nação brasileira. Muitos participaram das lutas nas províncias que resistiram à separação de Portugal, e seu impacto foi crucial, mesmo que muitas vezes esquecido nas narrativas oficiais.

No entanto, é importante destacar que a independência não trouxe liberdade imediata para os africanos escravizados. A escravidão continuou no Brasil por mais de seis décadas após a independência, sendo o último país da América a abolir essa prática, em 1888.

O mito de uma independência total

A ideia de que o Brasil se tornou completamente independente em 1822 é, em muitos aspectos, um mito. Embora tenha ocorrido a separação formal de Portugal, a influência europeia permaneceu forte por décadas, tanto política quanto economicamente. O Brasil continuou a ser uma monarquia e só se tornou uma república em 1889. Além disso, as elites locais mantiveram muitas das mesmas estruturas de poder que existiam durante o período colonial, o que limitou as mudanças sociais e políticas.

A verdade sobre o Dia da Independência

Por fim, vale mencionar que o 7 de setembro foi escolhido como data oficial da independência muito tempo depois dos eventos de 1822. No século 19, havia várias datas possíveis para marcar o rompimento com Portugal, como o 12 de outubro, data da coroação de Dom Pedro I como imperador, ou o 2 de setembro, quando a princesa Leopoldina assinou o documento formalizando a separação. No entanto, o 7 de setembro prevaleceu como a data simbólica, reforçando o mito do "Grito do Ipiranga".

A independência do Brasil é um processo complexo, marcado por um conjunto de eventos e decisões políticas que vão muito além da figura de Dom Pedro às margens do Ipiranga. Com o passar do tempo, a história foi romantizada, e certos mitos foram reforçados, apagando aspectos importantes do processo. Conhecer os detalhes e a participação de personagens como Leopoldina e José Bonifácio, bem como os desafios sociais que perduraram após 1822, é essencial para uma compreensão mais profunda da nossa história.

Publicidade



COMENTÁRIOS

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.