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Petrópolis,07/09/2024

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Há 14 anos, WikiLeaks revelava a verdade sobre a guerra no Afeganistão

O site WikiLeaks publicou mais de 75 mil documentos revelando detalhes chocantes sobre as operações militares americanas


Há 14 anos, WikiLeaks revelava a verdade sobre a guerra no Afeganistão Foto: Joe Raedle/Getty Images
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Em 25 de julho de 2010, o mundo foi abalado por um dos maiores vazamentos de informações confidenciais na história militar dos Estados Unidos. O site WikiLeaks, conhecido por divulgar documentos secretos de governos e corporações, publicou mais de 75 mil documentos classificados sobre a Guerra no Afeganistão, revelando detalhes chocantes sobre as operações militares americanas e suas consequências no conflito que já durava quase uma década.

Os documentos, chamados de "Diários da Guerra do Afeganistão", abrangiam o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2009. Eles incluíam relatórios de campo, avaliações de inteligência e comunicações entre as forças militares dos EUA e seus aliados. As informações divulgadas pintaram um quadro sombrio das operações no Afeganistão, destacando:

- Civis mortos e feridos: Relatórios detalhados sobre o número de civis mortos em operações militares, muitas vezes em números significativamente maiores do que os divulgados oficialmente. Os documentos revelaram incidentes de "fogo amigo" e operações mal executadas que resultaram em vítimas civis.

- Operações especiais: Informações sobre unidades de operações especiais, como a Task Force 373, encarregadas de "matar ou capturar" líderes talibãs e insurgentes. Muitos desses alvos não estavam nas listas oficiais de procurados, e as operações frequentemente resultavam em mortes colaterais.

- Corrupção e ineficácia: Detalhes sobre a corrupção endêmica dentro do governo afegão e a ineficácia das forças de segurança afegãs, que eram treinadas e financiadas pelos EUA. Os relatórios indicavam que grande parte do dinheiro destinado à reconstrução e segurança acabava em mãos erradas.

A divulgação dos documentos teve um impacto imediato e profundo. Governos e militares ao redor do mundo reagiram com choque e indignação. O governo dos EUA condenou veementemente o vazamento, alegando que a publicação dos documentos colocava em risco a segurança nacional e a vida de soldados e civis envolvidos no conflito.

Julian Assange, fundador do WikiLeaks, defendeu a publicação como um ato de transparência necessário para expor a verdade sobre a guerra. Ele argumentou que os documentos mostravam a realidade brutal e as falhas estratégicas dos esforços militares dos EUA no Afeganistão.

O vazamento dos "Diários da Guerra do Afeganistão" teve repercussões duradouras. Ele intensificou o debate sobre a validade e eficácia da intervenção militar no Afeganistão, contribuindo para o crescente ceticismo público em relação à guerra. As revelações também pressionaram o governo dos EUA a reavaliar suas estratégias e táticas no conflito.

Além disso, o vazamento destacou a importância da proteção de informações classificadas e levou a uma repressão contra vazamentos de dados confidenciais. Chelsea Manning, analista de inteligência do Exército dos EUA, foi identificada como a fonte dos documentos e posteriormente condenada a 35 anos de prisão, embora sua sentença tenha sido comutada pelo presidente Barack Obama em 2017.

O vazamento dos documentos classificados sobre a Guerra no Afeganistão pelo WikiLeaks em 2010 marcou um ponto de inflexão na percepção pública sobre o conflito. Ao expor as duras realidades e os erros da intervenção militar, o episódio lançou uma luz crítica sobre a condução da guerra e a transparência governamental. 

Julian Assange: fundador do WikiLeaks deixa prisão de Belmarsh após acordo com a justiça dos EUA

Em 24 de junho de 2024, Julian Assange, fundador do WikiLeaks, deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh, onde esteve detido nos últimos cinco anos. A libertação de Assange segue um acordo firmado com a Justiça dos Estados Unidos, no qual ele aceitou se declarar culpado de todas as 18 acusações que enfrenta por crimes relacionados à obtenção, recebimento e revelação ilegal de informações confidenciais.

O acordo, que já vinha sendo discutido pelo governo Biden, prevê que Assange se declare culpado em troca de uma pena de 62 meses de regime fechado. Esse período será considerado como cumprido, dado que Assange passou exatos 62 meses detido na prisão de segurança máxima em Londres desde sua prisão em 2019. Assim, uma vez julgado nos Estados Unidos, Assange poderá retornar livremente à Austrália, seu país natal.

Assange foi expulso da Embaixada do Equador em Londres em 2019, onde havia se refugiado em 2012 para evitar extradição para a Suécia, onde enfrentava alegações de estupro. Temendo que a Suécia o deportasse para os Estados Unidos, Assange buscou asilo na embaixada equatoriana, permanecendo lá por quase sete anos. Em abril de 2019, o governo do Equador revogou seu asilo político, levando à sua prisão imediata pelas autoridades britânicas.

Os crimes pelos quais Assange será julgado nos Estados Unidos são graves e envolvem a obtenção, recebimento e divulgação de informações confidenciais. A fonte dos dados vazados foi Chelsea Manning, uma analista de inteligência do Exército dos EUA, que foi condenada por seu papel no vazamento, mas teve sua sentença comutada pelo presidente Barack Obama em 2017.

A pena máxima pelos crimes que Assange enfrenta é de 175 anos de prisão, mas essa punição extrema não era esperada para o caso. O Departamento de Justiça dos EUA, atuando como Ministério Público, pedirá a pena de 62 meses, que Assange já cumpriu em Belmarsh, facilitando assim sua libertação.

A libertação de Assange é um marco significativo em um dos casos mais debatidos de liberdade de imprensa e segurança nacional. Seus apoiadores veem Assange como um herói que expôs a verdade sobre as guerras no Iraque e Afeganistão, enquanto seus detratores o consideram um criminoso que colocou em risco a segurança de inúmeras vidas.

Com a conclusão do julgamento nos Estados Unidos e o cumprimento da pena acordada, Assange poderá retornar à Austrália, onde espera reconstruir sua vida. Sua situação continuará a ser um ponto de discussão sobre os limites da transparência, o papel da imprensa e as responsabilidades de quem divulga informações confidenciais.

A jornada de Assange, desde o asilo na Embaixada do Equador até a prisão em Belmarsh e o acordo judicial nos Estados Unidos, reflete as complexas interseções entre justiça, política e direitos humanos no mundo moderno. Enquanto ele se prepara para voltar ao seu país, o legado de suas ações e o impacto do WikiLeaks continuam a ressoar globalmente.


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