Colégio estadual agrícola de Nova Friburgo apresenta projetos em Feira de Trabalho e Cidadania
O CEFFA CEA Rei Alberto I desenvolve a pedagogia de alternância, na qual os alunos estudam de forma integral em uma semana e aplicam parte do conhecimento em casa na semana seguinte

Uma metodologia diferente, integrando escola e família, é desenvolvida no CEFFA CEA Rei Alberto I, de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio. A unidade trabalha com a pedagogia de alternância, na qual o estudante alterna o aprendizado na sala de aula com experiências no campo. Assim, os alunos passam uma semana na escola, em tempo integral, e outra em casa, reproduzindo na roça da família o que aprenderam no colégio. A iniciativa vem gerando frutos, tanto que a unidade inscreveu dois projetos na I Feira Integrada de Trabalho e Cidadania: o ‘Viveiro Pedagógico Agroflorestal’ e ‘Sistemas Agroflorestais na Restauração de Matas Ciliares’.
– Nosso processo de aprendizado é construído parte nos momentos em que o aluno está na escola e parte quando ele está com a família. As experiências trazidas de casa servem de base para a elaboração do conteúdo pedagógico, de acordo com a realidade da comunidade. Assim, o plano de estudo é baseado na vivência das famílias e do que é realizado na região – explica a diretora-geral, Viviane Rodrigues, que está à frente da escola desde 2017.
O ‘Viveiro Pedagógico Agroflorestal’ consiste em atividades acadêmicas sobre a cadeia produtiva da restauração florestal, a partir das oficinas. Na prática, são produzidas espécies nativas e de interesse à agricultura agroecológica, que serão destinadas ao plantio agroflorestal em áreas de preservação permanente dos agricultores familiares da região.
– É gratificante ver uma escola que dá oportunidade para o jovem desempenhar as atividades que ele já esteja habituado na comunidade. Aqui, aliamos o conhecimento prático deles com outras coisas, como a questão da agroecologia. Assim, ao mesmo tempo em que eles já estejam familiarizados com vários conceitos, aqui eles aprendem novas metodologias e tecnologias, muito além do ensino convencional – esclarece o professor Eduardo Spitz, que está há 17 anos na unidade, promovendo a junção das atividades acadêmicas e práticas.
Já o projeto ‘Sistemas Agroflorestais na Restauração de Matas Ciliares’ visa implantar, manejar e monitorar um módulo de Sistema Agroflorestal, para restauração de mata ciliar em trecho de um rio na Fazenda Escola Rei Alberto I, aproximando estudantes e comunidade desta prática, favorecendo a sua divulgação e adesão no território.
– Na escola, temos alguns pontos que chamam a atenção, incluindo legumes e verduras que a gente mesmo cultiva e fazem parte de nossa alimentação. São conhecimentos que enriquecem a nossa vida. Isso é bem legal, pois a gente pode ver tudo crescer e depois saborear esses alimentos, que são bem gostosos – conta a aluna Keyla Mesquita, de 17 anos, que cursa a 3ª série do Ensino Médio.
O colégio atende alunos do Ensino Médio integrado com dois cursos profissionalizantes: Técnico em Agropecuária e Técnico em Administração. Nas aulas diárias, é possível sensibilizar sobre essas atividades ali implantadas, através do ensino e pedagogia, apresentando tecnologias viáveis. As ações na unidade são capazes de dialogar com as vivências e servem de exemplo para as famílias.
– Nossa escola, com essa integração entre os cursos técnicos, trabalha os conceitos básicos da administração com os alunos, como estoque, planilhas, gestão de produção, administração financeira, empreendedorismo etc. Daqui eles já saem muito bem encaminhados para o mercado de trabalho, independentemente do ofício que eles pretendam seguir – destaca a professora Daniele Pinheiro Rosa, do Curso Técnico de Administração.
Foto: Ellan Lustosa – Seeduc-RJ
Projetos complementam formação técnica
A Fazenda Escola Rei Alberto I funciona em esquema de parceria com o Instituto Bélgica – Nova Friburgo (Ibelga) e a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc-RJ). Em 2024, esses laços se estreitaram após a criação do Projeto Somando Saberes: Formação Pedagógica e Técnica para o Campo, que vem somar na formação dos jovens com oficinas e apoio no desenvolvimento das atividades.
– Os projetos desenvolvidos nesta parceria trazem uma nova visão para os alunos e são possibilidades de complementação na formação deles como técnicos. Nosso objetivo é trazer novas ferramentas para eles, que serão multiplicadores tanto aqui na região como em qualquer lugar em que eles possam atuar – explica Taila Guimarães, do Instituto Ibelga.
Outro destaque é o projeto Renegera, uma extensão da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A iniciativa visa restaurar a Mata Atlântica, em parceria com agricultores familiares e pequenos produtores do estado.
– Esse trabalho desenvolvido aqui é um complemento muito importante para os cursos técnicos da escola. A preservação da mata nativa também é importante. Neste "mandato", quero apresentar e mostrar nossos objetivos para todos – afirma Nicolas Pereira Rhimes, de 16 anos, aluno da 2ª série do Ensino Médio e membro representante do município de Nova Friburgo no Parlamento Juvenil.
A integração da escola com a comunidade é um dos principais diferenciais deste projeto, algo muito importante para o desenvolvimento dos estudantes.
– A escola é o maior grupo de convivência de uma sociedade, é onde passamos mais tempo juntos. Esse projeto mostra a importância da educação, que passa a ter um papel condutor no projeto de vida de cada um. É nosso dever institucional construirmos e edificarmos cidadãos de bem – conclui a secretária de Estado de Educação, Roberta Barreto.
Foto: Ellan Lustosa – Seeduc-RJ
COMENTÁRIOS