Poeta pernambucano lança livro sobre solidão e finitude
Em "Fade Out", o poeta David Biriguy aborda a arte e a poesia como formas de ressignificar o sentido da vida

O que significa desaparecer? Para alguns, é não ser visto nem lembrado. Para outros, é deixar de existir por completo. Mas há quem diga que é o esmaecimento gradual da visão humana antes da morte até a escuridão total, como um efeito cinematográfico que encerra uma cena. No livro Fade Out, o escritor e produtor cultural David Biriguy utiliza a poesia existencialista como espaço de resistência e reafirmação da efemeridade da vida, com reflexões sobre as agruras e percalços do nascer ao morrer.
Dividida em duas seções, a obra transita entre uma voz íntima e reflexiva até à construção metalinguística da arte como ferramenta para ressignificar as angústias. Na primeira parte, Das vozes que um dia pronunciei, um único eu lírico conduz o leitor por um poema contínuo, regado de reflexões sobre decadência, destruição, transitoriedade do tempo e a fragilidade da existência. Já em Do suicídio de quem não quer morrer, diferentes vozes poéticas exploram o fazer literário, questionando os limites da linguagem e a permanência da palavra como meio de preencher o interior.
Autor de quatro livros de poesia e idealizador do projeto de arte-educação Jardins da Literatura, David Biriguy reforça, por meio da sua escrita poética, filosófica e sensível, a ideia de que tudo caminha para o fim e um destino inexorável. Mas, ao mesmo tempo que a obra não nega a decadência humana, o autor mostra como essa realidade pode ser enfrentada – não para ser vencida, mas para ser expressada e transformada em esperança.
Finalista do VII Prêmio Hermilo Borba Filho de Literatura, Fade Out aborda ainda desigualdade, isolamento e injustiças, traçando um olhar crítico sobre a sociedade contemporânea. “Neste livro abordei o tema da morte e da existência para refletir sobre nosso lugar no mundo. Escrever para mim é como criar novas possibilidades, é uma forma de não morrer, registrar nossa voz e ficar na eternidade”, conclui o autor.
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