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Petrópolis,15/03/2025

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Março Azul Marinho: hábitos saudáveis auxiliam na prevenção do câncer colorretal

Especialistas explicam como ultraprocessados podem ser vilões para o desenvolvimento da doença


Março Azul Marinho: hábitos saudáveis auxiliam na prevenção do câncer colorretal Foto: Reprodução

Instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o mês de março é dedicado à campanha "Março Azul Marinho", que visa conscientizar e informar a população sobre o câncer colorretal. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), esse é o terceiro tipo mais frequente no Brasil (sem considerar o câncer de pele não melanoma), com uma estimativa de 45 mil novos casos da doença por ano.  

O câncer colorretal tem maior incidência em pessoas acima de 50 anos, e se caracteriza pelo desenvolvimento de tumores malignos no cólon ou no reto. Esses tumores se originam nas células que revestem o intestino e podem surgir a partir de lesões pré-cancerosas, como os pólipos, caso não sejam identificados e removidos precocemente.      

“Entre os principais fatores de risco, destacam-se o histórico familiar, síndromes genéticas e fatores ambientais e comportamentais. Embora a predisposição genética seja relevante, a maioria dos casos é esporádica, o que reforça a importância de hábitos saudáveis e do rastreamento regular”, explica o Dr. Pedro Moraes, oncologista do Hospital Estadual de Franco da Rocha, gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. 

Ultraprocessados e o Câncer Colorretal 

Há décadas, sabe-se que o risco de desenvolver câncer de intestino é fortemente influenciado pelo estilo de vida e pelo ambiente. Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre o consumo de alimentos embutidos e ultraprocessados, classificando-os no grupo 1 de alimentos cancerígenos, equiparando-os ao tabaco, o amianto e a fumaça de óleo diesel. “A inflamação crônica, a alteração da microbiota intestinal e a exposição a aditivos presentes nesses alimentos são os principais vilões”, aponta Dr. Moraes. 

Ana Carolina Leite, nutricionista da UBS Jardim Aracati, administrada pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, complementa que os alimentos ultraprocessados são ricos em gorduras saturada e trans e açúcares, pobres em fibras e contêm aditivos e compostos químicos que podem modificar a flora intestinal e causar a morte de bactérias benéficas. A especialista alerta que não existe uma quantidade segura para o consumo, apenas uma frequência. “Quanto maior a presença desses alimentos na dieta, maior o risco. O ideal é que o consumo seja esporádico”. 

Alimentação como Prevenção 

De acordo com Dr. Pedro, a adoção de hábitos saudáveis é fundamental na prevenção do câncer colorretal. “A prevenção envolve um conjunto de medidas que incluem atividades físicas regulares, moderação no consumo de álcool, abandono do tabagismo e uma alimentação mais saudável. Esses hábitos podem reduzir processos inflamatórios e favorecer uma microbiota intestinal mais saudável”. 

Alimentos ultraprocessados passam por diversas etapas de produção industrial, o que leva à presença de nitritos em sua composição. Esses compostos químicos, em contato com o organismo, podem formar nitrosaminas, substâncias cancerígenas. Para Ana Carolina, a melhor forma de identificar um alimento ultraprocessado é pela leitura dos rótulos. 

“Produtos alimentícios com mais de cinco ingredientes exigem atenção. A presença de nomes como edulcorantes artificiais (acessulfame de potássio, aspartame), glutamato monossódico, corantes artificiais (tartrazina, amarelo 5), xarope de milho, glicose, frutose, propionato de cálcio, sulfito de sódio e nitratos/nitritos já acendem um alerta. A dica de ouro é: quanto menos ingredientes, melhor.” 

A recomendação de uma dieta rica em fibras, frutas, legumes e verduras é unânime entre os especialistas. O consumo desses alimentos ajuda a proteger o organismo e auxilia nos processos inflamatórios. 

A nutricionista  ressalta que o “Guia Alimentar para a População Brasileira”, de 2014, classifica os alimentos em: in natura ou minimamente processados, processados e ultraprocessados, facilitando um planejamento alimentar equilibrado. “Priorizar alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, legumes, verduras, batata, mandioca e outras raízes e tubérculos, arroz, milho, feijão, frutas secas, oleaginosas, carnes, peixe, ovos, frango e leite, é a melhor alternativa para uma alimentação equilibrada”, explica. 

Sintomas e Rastreamento da Doença 

Entre os sintomas mais comuns do câncer colorretal estão: alterações persistentes nos hábitos intestinais, sangramento retal ou presença de sangue nas fezes, dor ou desconforto abdominal, sensação de evacuação incompleta, perda de peso inexplicada e anemia. 

Dr. Pedro Moraes enfatiza que a identificação do câncer colorretal em estágios iniciais é fundamental para o sucesso do tratamento. “Para isso, utilizamos uma variedade de exames, desde análises clínicas e laboratoriais até endoscopias e exames radiológicos. O rastreamento regular, por meio da pesquisa de sangue oculto nas fezes e de endoscopias como a colonoscopia, é essencial para a detecção precoce da doença.” 

O Março Azul Marinho é um convite à conscientização, à educação e à ação conjunta para reduzir a incidência e os impactos dessa doença. “Adotar hábitos saudáveis, realizar exames de rastreamento regularmente e buscar orientação médica ao primeiro sinal de alteração são atitudes que podem salvar vidas”, finaliza o oncologista. 


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