Celebrado no dia 08 de março, o Dia Internacional das Mulheres enaltece a força feminina na sociedade e sua luta por equidade, inclusive no mercado de trabalho. Dados de 2023 do Ministério do Trabalho indicam que elas correspondem a 52% da mão de obra brasileira.  

De todos os setores da economia, o de alimentação fora do lar é o que apresenta a maior participação de empreendedoras: nos negócios que operam em sociedade, com um ou mais sócios, elas são 38%. No segmento como um todo, elas são ainda mais participativas. Segundo um estudo realizado pela FGV em parceria com a Abrasel, em 2024, as mulheres representavam 49% da força de trabalho formal do segmento. 

Apesar do desafio de empreender em um setor competitivo, investir no próprio negócio e realizar os sonhos por meio desse processo é algo que faz parte da história de milhares de mulheres em todo o Brasil, como é o caso de Val Cabral, empresária e coordenadora do núcleo da Abrasel no Jardim Vitória, em Cuiabá (MT).  

Após trabalhar em outras áreas, ela decidiu se formar em gastronomia e vender bolos em sua comunidade — sempre com o apoio de amigas e do marido. Apesar de ter tido um crescimento rápido nas vendas, ela enfrentou um período de grande dificuldade com o início da pandemia, momento em que chegou a ficar cinco meses sem serviços. 

Com investimento em produtos de qualidade, persistência, força, e um talento natural para encantar clientes, ela conseguiu reinventar seu negócio. Abriu sua primeira loja física, a Le Gateau, expandiu o cardápio e desenvolveu a receita da coxinha que hoje é seu carro-chefe. 

A trajetória de Val reflete o poder transformador do empreendedorismo feminino. “Eu sei que sou referência aqui na minha comunidade, como uma mulher determinada que vai à batalha e luta com unhas e dentes. Eu amo o que eu faço e me sinto feliz em inspirar pessoas”, comenta. 

Caminhos da evolução  

Para Rosane Oliveira, presidente do Conselho de Administração da Abrasel e a primeira mulher a ocupar o cargo, é importante a existência de uma liderança que direcione as lutas do setor para além de pautas pontuais. Para concretizar essa expectativa, ela aposta no investimento da profissionalização das mulheres que empreendem nos bares e restaurantes. “É essencial fortalecer programas de capacitação e incentivar redes de apoio que conectem empreendedoras e gestoras do setor. É necessário sermos uma voz ativa na construção de um ambiente mais inclusivo”, afirma. 

“Meu papel enquanto presidente do Conselho vai além da representatividade. O setor de alimentação fora do lar tem um enorme potencial de crescimento e inovação, e garantir que mais mulheres estejam à frente desse movimento é essencial para o desenvolvimento sustentável da área”, completa. 

Para a presidente, a presença feminina no segmento não se limita à operação cotidiana dos estabelecimentos, mas se estende à transformação de um ambiente que, tradicionalmente dominado por homens, está se renovando a partir da perspectiva delas. 

Ao olhar para o futuro, a visão otimista dessas líderes aponta para um setor de alimentação fora do lar cada vez mais inclusivo e dinâmico. O exemplo de Val e Rosane demonstra que, com informação, estrutura e apoio, é possível lutar para superar desafios históricos e criar oportunidades para que mais mulheres assumam posições estratégicas no empresariado e nas lideranças governamentais.  

Essa mudança não só revoluciona o padrão do mercado, mas também reforça que a força feminina é, de fato, um motor essencial para o desenvolvimento sustentável e inovador da economia brasileira. 

No Dia Internacional das Mulheres, a mensagem é clara: a trajetória empreendedora feminina continua a inspirar, transformar e abrir novos caminhos. Como mensagem, Val comenta, “ter mulheres em cargos de destaque nas comunidades é um avanço para a igualdade. Quando vemos essas mulheres crescendo e sendo destaque na sociedade é maravilhoso. Isso é quebrar barreiras e dizer 'nós estamos aqui’”. 

Em cada negócio ou iniciativa, o futuro se desenha com a certeza de que, juntas, as mulheres não apenas quebram barreiras, mas também moldam um mundo mais justo e repleto de oportunidades.

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