Valorizar a experiência: o mercado de trabalho e os profissionais 60+
Pesquisa mostra que o índice de idosos em atividade voltou aos níveis pré-pandemia, enquanto a dos jovens ainda está abaixo
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O mercado de trabalho tem passado por transformações significativas nos últimos anos, especialmente no que diz respeito à inclusão de idosos. Com o aumento da expectativa de vida e a necessidade de um maior suporte financeiro na aposentadoria, muitos profissionais com mais de 60 anos buscam oportunidades para permanecer ativos e engajados. Essa tendência desafia preconceitos e estereótipos associados à idade e mostra que os trabalhadores mais velhos trazem uma vasta experiência, conhecimento e habilidades valiosos para as organizações.
Além disso, a diversidade etária nas equipes pode contribuir para um ambiente de trabalho mais rico e inovador, onde diferentes perspectivas são compartilhadas. No quarto trimestre de 2023, a taxa de participação dos idosos no mercado de trabalho voltou a alcançar o patamar pré-pandemia, enquanto a dos jovens permanece aquém do pré-crise sanitária. Os dados são da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e foram divulgados em fevereiro de 2024, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre os idosos, com 60 anos ou mais, a taxa de participação no quarto trimestre de 2023 foi de 24,0%, mesmo patamar registrado no quarto trimestre de 2019. Na faixa etária de 40 a 59 anos, a taxa de participação ficou em 74,6% no quarto trimestre de 2023, acima dos 74,5% vistos no quarto trimestre de 2019. Já na faixa de 18 a 24 anos, a taxa ficou em 68,6% no quarto trimestre de 2023, ante 70,0% no quarto trimestre de 2019.
Por outro lado, ainda existem barreiras significativas que dificultam a inserção dos idosos no mercado de trabalho. Algumas empresas, muitas vezes, priorizam a contratação de jovens, subestimando as capacidades dos profissionais mais velhos e, em alguns casos, perpetuando a discriminação etária. “Para mudar esse cenário é fundamental que as políticas públicas e as práticas corporativas sejam adaptadas para promover a inclusão dos idosos, oferecendo treinamentos e capacitações que atendam às suas necessidades”, explica a presidente da Unsbras/Unabrasil - União dos Aposentados e Pensionistas do Brasil, Maria Ribeiro Lopes.
A valorização da experiência e a promoção de um ambiente de trabalho inclusivo não apenas beneficiam os trabalhadores mais velhos, mas também contribuem para a sustentabilidade e a competitividade das empresas em um mercado em constante evolução. As empresas começam a reconhecer o valor que os trabalhadores mais velhos podem trazer, como a sabedoria, a experiência e uma ética de trabalho consolidada.
Deve-se mencionar também que o trabalho para os idosos não apenas proporciona uma fonte de renda, mas também traz significativos benefícios mentais e emocionais. A manutenção de uma rotina laboral estimula a cognição, promove a socialização e fortalece a autoestima, o que contribui para um envelhecimento ativo e saudável. Além disso, o envolvimento em atividades profissionais permite que os idosos continuem a se sentir úteis e valorizados, combatendo sentimentos de solidão e depressão. Assim, o trabalho se apresenta como uma importante ferramenta para a promoção do bem-estar mental na terceira idade, e demonstra que a atividade profissional pode ser um caminho para uma vida mais plena e satisfatória.
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