Do sonho à realidade: jovem bolsista da Escola de Música Santa Cecília trilha caminho promissor na música
Instituição sem fins lucrativos transforma a vida de jovens petropolitanos por meio da arte
A música sempre esteve presente na vida de Gabriel Alves, mas foi na Escola de Música Santa Cecília que ele encontrou o caminho para se aprofundar e transformar seu talento em uma possibilidade real de atuação no cenário musical. Bolsista da instituição sem fins lucrativos, ele passou por um intenso processo de aprendizado, superou desafios e hoje já dá seus primeiros passos na música profissionalmente.
“Meu interesse pela música começou muito cedo, ainda na escola fundamental, quando tive meu primeiro contato com oficinas musicais. Mas foi no Santa Cecília que esse interesse se tornou algo mais sério. A escola me deu um novo degrau de aprofundamento, um espaço para evoluir e construir uma base sólida para outros projetos”, conta Gabriel.
A trajetória do jovem é um reflexo do impacto que a Escola de Música Santa Cecília tem na vida de seus alunos. Além do aprendizado técnico, a vivência na instituição proporcionou a ele o desenvolvimento pessoal. “Ter essas bolsas me marcou muito, não apenas na parte musical, mas também pessoalmente. Eu era muito tímido, tinha medo de palco, e me apresentar ao menos duas vezes por ano me ajudou bastante nisso. Hoje, mesmo fora da música, consigo me expressar melhor no trabalho e nas relações do dia a dia”, destaca.
Janine Meirelles, presidente voluntária da Escola de Música Santa Cecília, reforça que a missão da instituição vai além do ensino musical: “A escola tem o compromisso de transformar vidas. Não se trata apenas de ensinar um instrumento, mas de oferecer oportunidades para que jovens desenvolvam sua expressão artística, autoconfiança e novas perspectivas. Ver Gabriel caminhando tão bem, sendo grato pelo que aprendeu aqui, nos enche de alegria e reafirma o propósito do nosso trabalho”.
Entre os desafios enfrentados por Gabriel durante sua formação, a administração do tempo foi um dos maiores obstáculos. “Eu já trabalhava enquanto fazia as aulas, então precisava ajustar minha rotina constantemente. Além disso, tive bastante dificuldade com leitura de partitura, mas fui superando com prática e ajuda dos professores. A escola sempre me deu apoio para conciliar tudo”, relembra.
O jovem músico já está envolvido em projetos para o Carnaval e participações em apresentações pela cidade, além de ter recebido convites para tocar em eventos ao lado de outros alunos e ex-alunos da instituição. “Por causa da escola, conheci pessoas que me abriram portas. Já fiz participação em shows e estou desenvolvendo novos projetos. Meu maior objetivo é ser bem-sucedido na música e seguir evoluindo”, afirma.
Foto: Divulgação
Para aqueles que sonham em seguir uma carreira musical, Gabriel deixa um conselho: “Aproveitem ao máximo as oportunidades. Ser bolsista é um presente, e perder uma aula é perder um investimento no próprio conhecimento. É preciso estudar, ter perseverança e investir no que se ama. A Escola de Música Santa Cecília é um espaço de aprendizado, de crescimento e de realização. Quem tem essa chance deve agarrá-la com tudo”.
A história de Gabriel é apenas uma entre tantas que a Escola de Música Santa Cecília tem ajudado a construir. Com dedicação e incentivo, jovens talentos encontram na arte um caminho para um futuro promissor, provando que a música, mais do que um dom, pode ser um instrumento de transformação social.
Informações sobre aulas e a Escola de Música Santa Cecília, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, à Rua General Osório, 192, Centro, por meio do telefone e WhatsApp (24) 2242-2191, no Instagram: @emusicasantacecilia (https://www.instagram.com/emusicasantacecilia/) ou ainda no Facebook: @santaceciliapetropolis (https://www.facebook.com/santaceciliapetropolis).
Sobre a Escola de Música Santa Cecília
A Escola de Música Santa Cecília, foi fundada em 16 de Fevereiro de 1893, pelo professor de música João Paulo Carneiro Pinto, pernambucano talentoso e músico conhecido por sua excelência, atestada por uma das suas premiações, a “Medalha de Ouro” do Conservatório de Música do Rio de Janeiro. O professor, trazido para Petrópolis pela Família do Barão Araujo, que venerava Petrópolis, assim como outras tantas famílias que tinham a cidade como refúgio do calor e dos problemas de saúde que enfrentavam na então capital do Brasil, Rio de Janeiro.
Além disso, com a industrialização, na última década do século XIX, Petrópolis atraiu trabalhadores do exterior, como também de todo país, estabelecendo uma união estreita da cidade com os mineiros imigrantes, através do trem de ferro. A República, recém instaurada, sofria pressões políticas, e a Revolta da Armada contra o governo de Floriano Peixoto feria a paz, estando decidida a mudança da capital do Estado do Rio de Janeiro para Petrópolis. Os verões alegres da cidade, a tranquilidade, o ambiente saudável, a garantia de emprego, tornaram-se atrativos para uma nova população que pouco a pouco integrou-se aos colonos alemães.
Por causa de toda esta ebulição, o músico João Paulo Carneiro Pinto, abandonou a vida carioca, fixou residência em Petrópolis, onde inaugurou um ensino de música para 34 crianças bem dotadas musicalmente e, principalmente, sem recursos, na escola que leva o nome da padroeira da música, Santa Cecília. Passando de um prédio a outro de doações e subvenções do poder público e do empresariado, a Escola foi inicialmente acolhida no Hotel Bragança, que nada cobrava do maestro.
A escola de Paulo Carneiro tornou-se presença obrigatória em toda a vida cultural e festiva de Petrópolis, não só pelo ensino como pela orquestra, participante efetiva de todas as festividades públicas e particulares. A extraordinária e muito respeitada figura do maestro foi presença marcante na vida petropolitana. Ao falecer, a 10 de Setembro de 1923, seu último pedido a amigos e devotados auxiliares: Não deixem morrer a minha Escola!
Na manhã de 23 de setembro de 1923 reuniram-se esses amigos com Sanctino Carneiro, filho do maestro, que abriu mão de todos os bens do pai – representados por instrumentos musicais e a própria escola – iniciando a organização da sociedade civil, hoje conhecida como a Escola de Música Santa Cecília.
De prédio em prédio, a sociedade adquiriu, por fim, uma pequenina casa na rua Marechal Deodoro, número 192, esquina da Rua Marechal Deodoro com a Rua General Osorio, onde se instalou com cursos musicais, abrindo seu salão para atividades artísticas em geral, que abrigavam também um cine-teatro. Graças a uma campanha sólida de arrecadação junto à população petropolitana, em 1950 o pequeno prédio foi demolido e as obras começaram. Durante o período de construção, a escola funcionou no Palácio de Cristal. Cinco anos depois, em 1955 foram inaugurados o Edifício Paulo Carneiro e o Teatro Santa Cecília, consolidando o sonho do Maestro Paulo Caneiro.
Este ano, a Escola de Música Santa Cecília comemorou 129 anos de existência. Dentre as centenas de alunos, professores e dirigentes, que passaram por seus bancos escolares e administrativos, destacam-se três notáveis personalidades musicais, todos petropolitanos natos, representantes de três fases da Escola: da primeira (século XIX), a pianista Magdalena Tagliaferro, aluna do maestro Paulo Carneiro; da segunda (primeira metade do século XX), o maestro, pesquisador e compositor César Guerra-Peixe; e da terceira (segunda metade do século XX), o maestro, compositor e pesquisador Ernani Aguiar.
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