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Petrópolis,05/02/2025

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Abel Ferreira: Treinadores no Brasil precisam de media training?

Conflitos com jornalistas e declarações polêmicas mostram como a comunicação pode ser decisiva para a imagem dos técnicos


Abel Ferreira: Treinadores no Brasil precisam de media training? Foto: Reprodução/TV Palmeiras
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O apito final encerra o jogo, mas abre outro campo de disputa: a entrevista coletiva. Microfones ligados, câmeras ajustadas, perguntas afiadas. Abel Ferreira, ainda tomado pela adrenalina dos 90 minutos, encara esse novo embate. À frente, jornalistas prontos para extrair cada palavra, cada gesto, cada suspiro que possa render manchetes. O treinador português, conhecido pela intensidade dentro e fora de campo, já protagonizou diversos atritos com a imprensa e, recentemente, ao se comparar a Jürgen Klopp, adicionou mais um episódio a essa relação frequentemente tensa.

No futebol brasileiro, o media training ainda é uma ferramenta subutilizada, apesar de sua ampla adoção no meio corporativo e político. Em um esporte onde a narrativa se constrói tanto em campo quanto fora dele, a falta de preparo diante da mídia frequentemente coloca treinadores em situações delicadas. A comunicação improvisada, assim como uma estratégia mal planejada dentro das quatro linhas, pode gerar momentos brilhantes ou desastrosos.

Para Adriano Santos, sócio da Tamer Comunicação, a coletiva pós-jogo é uma extensão do vestiário. “O que o treinador diz ali molda a percepção de torcedores, jogadores, dirigentes e até da arbitragem nas rodadas seguintes. Cada palavra pode fortalecer ou enfraquecer sua posição no clube e no mercado”, destaca. O ambiente das entrevistas exige mais do que conhecimento tático — é um jogo emocional, onde a escolha de palavras e o tom da fala podem definir a repercussão da mensagem.

Respostas ríspidas alimentam crises, ironias viram combustível para debates esportivos, reações exaltadas se tornam memes. A velocidade das redes sociais amplifica qualquer deslize, transformando falas despretensiosas em debates nacionais. “No futebol, falamos de leitura de jogo. Na comunicação, a lógica é a mesma: entender o contexto, prever cenários e ajustar a estratégia para não ser pego desprevenido”, pontua Santos.

A nova geração de treinadores europeus já incorporou o media training como parte essencial da profissão. Klopp, Guardiola e Ancelotti dominam o jogo midiático tanto quanto o tático. No Brasil, poucos demonstram essa preocupação. Alguns, pelo carisma natural, conseguem minimizar desgastes, mas episódios mal conduzidos podem deixar marcas profundas.

Abel Ferreira, entre acertos e polêmicas, escancara a necessidade de uma abordagem mais profissional. A comunicação, assim como a tática, evolui. Treinadores que compreendem esse jogo fora de campo constroem trajetórias mais sólidas e relações mais equilibradas com a mídia. A coletiva não precisa ser um campo minado — com preparo, vira mais uma oportunidade de jogar para vencer.

Enquanto o futebol avança taticamente, a comunicação de seus protagonistas também precisa acompanhar essa evolução. Técnicos que dominam a arte de se comunicar não apenas gerem melhor suas equipes, mas fortalecem sua própria marca no esporte. Afinal, no futebol e na comunicação, vence quem sabe se posicionar melhor.


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