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Petrópolis,03/02/2025

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'Tive certeza de que iria morrer', relembra jornalista preso e torturado na Síria

Klester Cavalcanti relata momentos de angústia, dor e desespero vividos durante o regime de Bashar al-Assad no relançamento do vencedor do Prêmio Jabuti "Dias de inferno na Síria"


'Tive certeza de que iria morrer', relembra jornalista preso e torturado na Síria Foto: EFE/STR
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Após a queda do governo de Bashar al-Assad na Síria com investidas do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) – também conhecido como Organização para a Libertação do Levante –, o livro Dias de inferno na Síria, do jornalista brasileiro Klester Cavalcanti, ganha novos significados.

Com nova edição, agora pela Matrix Editora, a obra vencedora do Prêmio Jabuti de Literatura, conta com trechos inéditos que refletem sobre os possíveis cenários para o futuro do país, cuja nova liderança carrega um histórico de vínculos extremistas com a Al-Qaeda.

Cavalcanti relata nas páginas o que seria apenas uma cobertura jornalística de sete dias, mas se tornou uma tormenta que colocou sua vida em risco. Partindo do Brasil para Líbano, com destino final a Homs – terceira maior cidade da Síria, com o objetivo de captar a realidade que assolava a região, ele tinha autorização para fotografar e filmar o que acontecesse.

O planejamento da cobertura incluía acompanhar por dois dias o Exército Livre da Síria (ELS), maior opositor do governo sírio, além de mostrar o dia a dia dos moradores em outras três oportunidades. No entanto, Cavalcanti teve os planos frustrados logo na chegada, quando foi preso pelas tropas oficiais, torturado e encarcerado numa cela dividida com outros 22 homens.

Foto: Divulgação

Durante seis dias, foi interrogado, torturado e teve o rosto queimado para obrigá-lo a assinar um documento em árabe. Foi somente com a intervenção do Itamaraty, que transformou sua prisão em um incidente diplomático internacional, que o jornalista foi libertado do cárcere.

Nessa versão atualizada, além das incertezas políticas e sociais que rondam a nação, o autor destaca as intenções do líder do HTS de transformar a Síria numa nação regida pelas leis do Islã, semelhante ao Irã, onde a constituição é fundamentada em preceitos religiosos. “No Irã, por exemplo, as mulheres são obrigadas a usar o véu, têm de cobrir todo o corpo para sair de casa, e só podem viajar para fora do país se o marido ou o pai autorizarem”, explica.

Embora o regime familiar que controlou o Estado por mais de 60 anos tenha deixado de ser uma preocupação para o povo sírio, Klester mostra que os membros do HTS não são os únicos rebeldes com ambição de assumir o comando da pátria. Segundo o autor, isso significa que haverá uma disputa entre os próprios opositores de al-Assad para  assumir o governo.

Nesta narrativa, o jornalista evidencia como vítimas e algozes desse conflito são pessoas comuns, com histórias repletas de emoções, dores e perdas, levando à reflexão sobre as divisões religiosas e as dinâmicas de poder que afligem o mundo. Dias de inferno na Síria apresenta aos leitores um relato pessoal, sincero e doloroso de quem vivenciou as mazelas da guerra, e chegou a acreditar que nunca mais voltaria ao próprio país.


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