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Petrópolis,02/12/2024

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Quase metade dos adultos brasileiros estará obeso até 2044, diz estudo

Cirurgia bariátrica é aliada para controle de obesidade, mas preconceito ainda impede que milhares sejam beneficiados, segundo especialista do Hospital Marcos Moraes


Quase metade dos adultos brasileiros estará obeso até 2044, diz estudo Foto: Reprodução
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Manter o controle do peso, não é uma questão de estética, mas de saúde. Pesquisa apresentada no Congresso Internacional sobre Obesidade deste ano (ICO 2024) sugere que, com base nas tendências atuais, quase metade dos adultos brasileiros (48%) estará obeso até 2044, e mais 27% atingirão sobrepeso. O número preocupa e, para quem não consegue manter a dieta equilibrada e entra na estatística, a alternativa pode ser a cirurgia bariátrica.

Dados de 2023, consolidados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), mostram que ocorreram 80.441 operações dessa natureza no país, sendo que mais de oito milhões de pessoas teriam indicação para a técnica, disponibilizada a apenas 0,097% de indivíduos com graus de obesidade 1, 2 e 3 e para a população elegível.

“Ainda há muito preconceito em relação a esse serviço, que é mais uma ferramenta para tratar a obesidade. Muitas pessoas optam por usar medicação, mas o melhor remédio disponível hoje faz o paciente perder apenas 20% do peso total. Quem opera elimina de 35% a 40%. As técnicas mais modernas são minimamente invasivas, feitas por videolaparoscopia e com baixo índice de complicação, não precisam de terapia intensiva”, destaca o cirurgião geral e bariátrico Luiz Gustavo de Oliveira e Silva, coordenador do Programa de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital Marcos Moraes.

O procedimento, popularizado no país nas décadas de 1980 e 1990, passou por muitas atualizações e, atualmente, é feito por meio de técnicas pouco invasivas e que permitem rápida recuperação, levando à melhoria da autoestima de quem é submetido ao tratamento. No entanto, apesar dos avanços da medicina, houve a redução na procura nos últimos anos e, mesmo quem poderia ser beneficiado por esse cuidado, tem resistido à intervenção.

Criado há três anos, o serviço do Hospital Marcos Moraes, localizado no Méier, Zona Norte do Rio, tem capacidade para operar de 30 a 40 pacientes por mês.

“Pessoas com Índice de Massa Corporal acima de 40 e pacientes com IMC entre 35 e 40 e alguma doença associada, como artropatia, refluxo e diabetes, por exemplo, têm indicação para o procedimento. É importante que passem por consulta médica e recebam a orientação correta. Durante o tratamento, o acompanhamento envolve uma equipe multidisciplinar, com médico clínico, equipe cirúrgica, nutricionista, psicólogo, endocrinologista e cardiologista. Tem todo um cuidado envolvido para uma recuperação plena”, enfatiza Luiz Gustavo.

“Hoje estou saudável, sem comorbidades”, diz paciente

Optar por cirurgia para controlar a obesidade nem sempre é uma decisão fácil. A dentista carioca Stephanie Ferraz, de 30 anos, conta que tomou essa decisão após perceber que “não tinha mais forças para lutar”. Com a balança marcando 128,6 quilos e os resultados dos exames alertando para comorbidades como resistência à insulina, pressão alta, refluxo e esteatose hepática (gordura no fígado), a jovem que desejava ser mãe sabia que sozinha não teria condições de realizar o sonho.

Em setembro do ano passado, após consultas médicas, pesquisar sobre procedimentos e buscar informações com quem já tinha vivido história parecida, Stephanie decidiu pela bariátrica. Paciente de Luiz Gustavo de Oliveira e Silva, ela seguiu à risca todo o tratamento e, menos de um ano após o procedimento, já havia atingido o peso que considerava ideal: 74 quilos.

“Minha saúde só estava piorando. Queria ser mãe, engravidar, mas a obesidade oferecia riscos a mim e ao bebê. Eu tinha medo de operar, é natural, mas entendi que sozinha não conseguiria alcançar meus objetivos. Não é fácil seguir as recomendações, mas meu único arrependimento foi não ter feito antes. A alimentação ficou muito restrita, preciso acompanhar minha saúde de perto, mas hoje estou saudável, sem comorbidades”, conta Stephanie, que está no sexto mês de gestação. “Não esperava engravidar tão rápido, mas está tudo sob controle. Não ganhei peso extra e a gravidez está indo bem.

Nas redes sociais, a dentista costuma fazer publicações do tipo “antes e depois”, atraindo a curiosidade até de amigos.

“Antes de operar, eu não estava publicando fotos minhas. Muitas pessoas não sabiam que eu havia engordado tanto. Teve gente que se surpreendeu com o resultado. E meu perfil acabou atraindo desconhecidos, eles pedem informações no privado, querem saber da minha experiência. Também recebo comentários de apoio e isso é muito importante”, ressalta Stephanie.


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