O mês de março começou com uma relativa crise sanitária envolvendo o estado de Manaus e que impactou indiretamente nos demais estados da União, entretanto as probabilidades de que boa parte da população seja vacinada até o mês de agosto são esperançosas.
As projeções da XP Asset indicam que o ritmo de produção e vacinação deve se acelerar substancialmente neste mês, mesmo com um cronograma bem menos ambicioso do que o divulgado pelo Ministério da Saúde.
O otimismo decorre do fato de que, ao contrário das vacinas prontas, a importação do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) necessário para a produção nacional já flui normalmente há semanas.
Após os atrasos de janeiro, os prazos vêm sendo rigorosamente cumpridos, e já importamos IFA suficiente para a produção de dezenas de milhões de doses.
O Instituto Butantan já produz 700 mil doses por dia e, até o fim de abril, deve entregar 58 das 100 milhões de doses contratadas pelo governo federal.
A Fiocruz vem enfrentando bem mais dificuldades. Atrasos nas etapas iniciais custarão ao menos 11 milhões de doses a menos em março.
De toda forma, a produção nacional finalmente teve início e deverá ter contribuição relevante a partir de abril.
Ainda na primeira metade do ano, a oferta nacional será reforçada por doses importadas junto ao convênio com a OMS (Covax) e com a AstraZeneca, como uma espécie de compensação ao atraso inicial.
Os números a seguir apresentados já levam em conta os atrasos recentes e não consideram quaisquer vacinas que não sejam as duas atualmente distribuídas pelo SUS.
Considerando que a imunização ocorre após uma dose da vacina da AstraZeneca ou duas da CoronaVac; que ambas reduzam casos passíveis de UTI e mortes em 90%, em linha com os estudos disponíveis; e que 75% dos brasileiros vão buscar tomar a vacina, em linha com dados internacionais e com o que vem sendo observado até o momento no país.
Do exposto acima, as internações em UTI e os óbitos teriam rápido recuo até o fim do primeiro semestre, uma vez que praticamente todos os brasileiros acima de 50 anos (que assim quisessem) seriam vacinados até o fim de maio.
Segundo o DATASUS, esse grupo responde por apenas 25% da população, mas por 78% da utilização dos leitos de UTI e por 89% das mortes por Covid-19.
Nesse caso, a vacinação geraria um alívio substancial nas UTIs e mortes: queda de até 41% em maio, 57% em junho e 63% em julho.
Ainda segundo nosso cronograma, o Brasil deve imunizar seus idosos até maio. Além disso, todos os brasileiros acima de 20 anos estariam vacinados em agosto, reduzindo as mortes em 66% até aquele mês.
Caso confirmado, tal cenário seria compatível com uma retomada importante da economia no segundo semestre, especialmente para os setores mais atingidos pela crise, como é o caso dos serviços prestados às famílias (restaurantes, turismo, serviços pessoais e lazer).
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