
A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), reuniu um grande grupo de representantes, de diversos órgãos públicos, inclusive da sociedade civil, nesta terça-feira (29), em primeira sessão da Comissão de Acompanhamento dos Desdobramentos da Tragédia de Petrópolis.
O Giro Serra recebeu o convite do Dep. Rodrigo Amorim (PSL), que preside a Comissão, para representar a sociedade e a imprensa nas audiências.
Compareceram na reunião o prefeito de Petrópolis Rubens Bomtempo (PSB) e o Ten. Cel. BM. Gil Kempers Vieira, secretário de Defesa Civil Municipal. O presidente da Câmara Municipal, Hingo Hammes (PSD), também esteve presente. Pelo lado do governo estadual, estiveram presentes o Cel. Gileno de Lima, da CBA II – Comando de Bombeiros de Área 2 – Região Serrana (CBMERJ), representando o Cel. Leandro Monteiro; o Subsecretario Estadual de Relações Institucionais da Casa Civil, Adilson Faria; o Subsecretário Estadual de Obras – Seinfra, Pedro Henrique de Oliveira Ramos; o Subsecretário Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Matheus Quintal; a Defensora Pública e Coordenadora Regional do 8º núcleo da Defensoria Pública, Luciana de Almeida Lemos, e o Diretor de Recuperação Ambiental do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea), Daniel Moraes de Albuquerque. Representando a sociedade civil, Daniela Jorge Souza, presidente da Associação de Moradores do Meio da Serra; Marcelo Valverde Xavier, Presidente do Conselho Municipal de Economia Popular Solidária de Petrópolis; Alessandro Marques, sócio-diretor do Portal Giro e Felipe Teixeira, repórter do Giro Serra.

Também integram a comissão, como membros efetivos, os parlamentares: Dep. Marcus Vinicios (PTB), Relator da Comissão Especial, Dep. Monica Francisco (Psol), vice-presidente da Comissão Especial, Dep. Sergio Fernandes (PDT), Dep. Adriana Balthazar (Novo) e Dep. Waldeck Carneiro (PSB).
O objetivo da Comissão Especial é acompanhar e fiscalizar os desdobramentos da tragédia de Petrópolis. Nesta terça foi realizada a primeira audiência pública.
O presidente da Comissão Especial, Dep. Rodrigo Amorim (PSL), abriu os trabalhos destacando a presença da sociedade civil e a imprensa: “Seguindo a lógica, Deputado Bomtempo (sic), fazendo um apanhado preliminar, na última audiência nós decidimos que ouviríamos os agentes envolvidos, inclusive destacar aqui a presença da sociedade civil de Petrópolis, destacar a presença da imprensa também da cidade de Petrópolis. Eles compondo a mesa e para o uso da palavra também”.
O presidente da Câmara Municipal, Hingo Hammes, disse que vai trabalhar para propor soluções para recuperação da cidade. “Vamos trabalhar não apenas na fiscalização e acompanhamento das ações de resposta e para a reconstrução de áreas afetadas, mas também na proposição de soluções, visando tornar Petrópolis mais segura”, disse Hingo em uma publicação nas redes sociais após a participação na reunião.
Logo após a abertura da Comissão, o prefeito Rubens Bomtempo enfatizou a importância da união entre os poderes para conseguir recuperar Petrópolis. “Eu acho que Petrópolis está no coração de todos, todas as vossas excelências, de todos vocês que estão aqui. E somente com muita união, com muito trabalho, sobretudo com muito respeito entre os entes federados, entre os poderes constituídos, é que nós vamos conseguir devolver paz, tranquilidade e segurança pro povo petropolitano”.

Bomtempo também alertou sobre as condições geológicas em que se encontra a Cidade Imperial, e destacou sobre as mudanças climáticas. “Sabendo que a gente precisa fazer este debate com muita seriedade, sabendo que existe uma realidade geológica no nosso município que foi exposta, a geologia do nosso município, as mudanças climáticas, e a gente precisa ter esta responsabilidade como homens e mulheres que trabalhamos na vida pública, a gente tem que falar a verdade e em momento algum abri mão de poder nos posicionar em relação naquilo que a gente acha que ocorre”.
O prefeito também enfatizou a importância da Defesa Civil, correlacionando a sua história com a do Corpo de Bombeiros. “A gente tem que ter coragem de dizer isso, que o sistema de Defesa Civil, ele passou a ter uma importância nos seus municípios, que afinal de contas não tinha nada. O Corpo de Bombeiros já foi um dia municipalizado, nós sabemos disso na história do Corpo de Bombeiros. E é mais uma atribuição que os municípios passam a ter, ter que assumir, porque o Corpo de Bombeiros não pode ser onipresente. E Vossas Excelências aqui sabem do que estou falando, o que tem pedido de prefeito para instalação de Corpo de Bombeiros em todo o Estado do Rio de Janeiro, e o Corpo de Bombeiros não tem recurso, não tem demanda, aliás…, não tem recurso, não tem orçamento para isso, não é verdade? E aí o município tem que ocupar esse espaço.”

Felipe Teixeira enfatizou a representatividade do Giro Serra na região e falou dos relatos de moradores e comerciantes em visitas realizadas nos bairros. “Eu rodei todos os bairros fazendo reportagens, mostrando como estão os bairros”.
“A questão da AgeRio [Agência Estadual de Fomento], que até o momento poucos comerciantes de Petrópolis foram contemplados”, enfatizou Felipe ao abordar o tema das linhas de crédito emergencial oferecidas para os empresários e empreendedores de Petrópolis.
Ele ainda abordou a situação difícil que os moradores que tiveram suas casas afetadas e não estão conseguindo obter o benefício do Aluguel Social. “Sobre a questão do Aluguel social, muitas imobiliárias não estão aceitando. […] Muitas imobiliárias não estão aceitando [se referindo ao contrato a ser firmado com os proprietários de imóveis], então tem gente indo morar em Magé, em Areal, em Três Rios, saindo da Cidade Imperial”.
Uma das falas mais impressionantes e emocionantes do dia foi da Daniela Jorge Souza, presidente da Associação de Moradores do Meio da Serra. “A chuva do dia 20 foi pesada. Teve uma família que perdeu tudo no dia 15, só ficou com a roupa do corpo. Conseguimos uma geladeira, uma televisão velha e estávamos conseguindo as coisas. Veio a chuva do dia 20 e ela perdeu a geladeira e a TV. Até o material para fazer um muro de contenção foi perdido. […] Nesse meio tempo sem transporte público, vários empresários ameaçaram os funcionários que moravam lá embaixo e não tinham como subir para trabalhar. Como andar do Meio da Serra até o Alto da Serra?”, disse Daniela.
Comentários estão fechados.